A Inversão da Origem

É interessante que alguns filmes de ficção, vez que outra, trazem mensagens ocultas, daquelas que somente alguém com algum conhecimento específico conseguiria decifrar. Muitas vezes não são mensagens propriamente ditas, mas refletem, de uma forma ilustrada ou figurativa, uma realidade que desconhecemos.

O cinema, por algum motivo, se encarrega de transmitir estas mensagens ao público. É o caso da série Matrix, por exemplo. Obviamente que se trata de uma ficção, um filme de ação, mas existe uma correlação muito próxima com algumas realidades que aqueles mais iniciados em alguns conhecimentos ocultos podem identificar. O grande público, porém, permanece ignorante a estas realidades e fixado apenas no aspecto do entretenimento, que, aliás, neste caso é muito bom. 

The Matrix

Aproveitando o gancho, já que estamos falando de cinema, os 3 primeiros Matrix são obras primas. Já o quarto filme, lançado em 2021, foi definitivamente um erro, seria melhor não ter sido criado, pois distorceu completamente o conceito hermético no qual se basearam os primeiros três e “manchou” a franquia. Virou um filme ruim com roteiro ruim, só isso.

Outros bons exemplos de filmes com mensagens embutidas são o 13º Andar, de 1999, um filme um pouco desconhecido, mas muito bom, e a série V, de 2009, com a atriz brasileira Morena Baccarin. E não vamos esquecer também de MIB – Homens de Preto, que no cinema foi feito como uma comédia/fantasia, mas que mascara uma realidade bem sinistra. Poderia ainda citar Yesterday, de 2019, e por aí vai. São muitos e seguem continuamente sendo produzidos.

Então, assim existem vários filmes que retratam realidades que, embora desconhecidas, são bem reais, mas que o público alvo não compreende, os vê apenas como entretenimento. Apesar disso, as mensagens são transmitidas mesmo assim. E isso é assim porque no mundo do cinema, assim como na vida real, não existem o acaso e a coincidência, tudo tem um propósito. 

No artigo “Quem São Os Donos Do Mundo?” foi demonstrado que todas as grandes corporações do mundo pertencem a um mesmo e pequeno grupo de investidores, que são os tomadores de decisões destas empresas, tendo no topo da lista a Vanguard e a BlackRock. Pois bem, o mesmo ocorre com o cinema e com todos os demais canais importantes de mídia e notícias. Então, uma vez sendo sempre os mesmos donos e também os mesmos tomadores de decisões destas empresas, fica compreensível entender que há uma direção geral, e não apenas o acaso ou “criações aleatórias” de produtores de cinema que decidem qual história produzir. Afinal, quem paga a conta é que decide tudo e que diz qual história deve ser contada nos filmes. Ou não?

Claro que isso vale para os filmes que tem algum recado para transmitir, pois no universo do cinema a maior parte dos filmes é feita apenas para o entretenimento mesmo – e, claro, para também, em seu rastro, aprofundar a distração . Duvido que Debi & Loid tenha alguma mensagem subliminar, a não ser que fosse para dizer que somos todos debiloides mesmo (rsrs).

O filme a que quero me referir, após feita esta introdução, é A Origem (Inception, de 2010), com Leonardo DiCaprio. O filme é uma superprodução irretocável, com efeitos visuais incríveis.

Para quem não assistiu o filme: “alerta de spoiler”.

Na história do filme, os personagens são especializados em agir no subconsciente das pessoas enquanto estão dormindo, pois eles têm consciência plena durante o desdobramento do sono. Sendo assim, durante o sonho eles agem normalmente, como se estivessem acordados, em uma realidade paralela, como se fosse na vida real, mas onde a realidade é um pouco flexível. E no decorrer da trama, aprofundam ainda mais o processo ao, durante o sonho, dormir novamente e sonhar “dentro do sonho”, assim fazendo até um quarto nível, se não estou enganado (é bem fácil para se confundir, a história é bem complexa).

Segundo o conceito da trama, a realidade verdadeira é a de quando estamos acordados, e os sonhos são realidades “alternativas”, não reais, das quais eles retornam para “a vida real”, que é quando estamos acordados, aqui neste nosso mundo físico e “real”. Uma história até que convincente, visto que quando dormimos, sonhamos, e até hoje não sabemos ao certo o que são estes sonhos, se são coisas da nossa imaginação, ou o quê. Tem aqueles que “interpretam” sonhos, dando significados a eles, mas, de onde tiraram e quão confiáveis são estas informações?

Porém, se olharmos esta mesma situação sob uma outra ótica, a espiritual, poderemos perceber que na verdade o que fizeram neste filme foi “inverter” a realidade – quer dizer, uma vez que nossa vida como espíritos é eterna, e nossa passagem por este mundo da 3ª dimensão é temporária, então, na verdade, nossa vida real é a do espírito, e não esta daqui. No artigo anterior “A Morte Não Existe” foi apresentado um ensaio sobre como seria a nossa verdadeira vida, a do espírito, em relação a esta material e passageira.

Quando entramos no sono, o que ocorre na verdade é um desdobramento de nossa consciência e passamos a atuar como espíritos, como se não estivéssemos encarnados. O problema aí é que não temos consciência disso quando “acordamos” do sono, as lembranças que temos dos sonhos são apenas alguns fragmentos de imagens distorcidas e que se perdem na memória em pouco tempo. Por isso, quando dormimos passamos pelo mesmo processo da morte, há o desdobramento da consciência, com a diferença de que durante o sono mantemos o nosso elo firme com nosso corpo nesta existência e depois retornamos a ele ao acordar. E, durante este desdobramento, todos estamos em meio a alguma atividade, por vezes até mais importante e envolvente do que esta de nossa consciência como encarnados, mas não temos a noção destas atividades. Por isso, pode-se concluir que este filme apenas inverteu uma situação que é verdadeira.

Existem muitos relatos e vídeos de pessoas com conhecimento mais avançado sobre a vida espiritual, muitos médiuns inclusive, assim como muitos livros a esse respeito, que explicam exatamente isso. Eu já vi até mesmo um relato de alguém profundamente iniciado no assunto, dizendo que “morrer” é, na verdade, “como acordar de um sonho ruim” para a verdadeira vida. E seria um sonho ruim porque, enquanto estamos encarnados aqui neste mundo físico, temos muitas limitações e sofrimentos, e caímos ainda na armadilha de acreditar que esta é a verdadeira vida. E ao morrer, nos libertamos, ou “acordamos”. Mas é claro que isso não é uma regra, pois cada um tem o seu destino após esta vida de acordo com seu grau de evolução, então as situações podem variar de inúmeras formas.

Segundo o conhecimento espiritual verdadeiro, aquele que as religiões não só não explicam como ainda se esforçam para esconder, em nossa trajetória espiritual vivemos incontáveis encarnações, tanto aqui na Terra como em vários outros mundos, até atingirmos um grau de evolução tal que encarnações não são mais necessárias, que é quando todas as lições já foram aprendidas e internalizadas, e nos tornamos então algo como “seres de luz”, da mesma forma que os espíritos mais evoluídos que são vistos por médiuns e que estão nos bastidores do nosso mundo a nos proteger e orientar.

Por isso, no meu ver, mais uma vez o cinema mandou o recado através deste filme. A situação é a mesma da verdadeira realidade, porém invertida. Quem tem a visão espiritual percebe isso claramente. Tirando os muitos exageros, que os filmes sempre têm, é a mesma situação.

Imagine-se, portanto, na mesma situação que o filme propõe. Você está aqui neste mundo, leva sua vida normalmente, vai viver até uma idade avançada, e, durante toda sua vida, todas as noites você dorme e entra para o mundo dos sonhos, e quando acorda, retorna novamente para sua vida normal.

O que é o tempo de uma noite de sono em relação ao tempo de duração de sua vida toda? Praticamente nada, não é mesmo? E em 70 anos de vida, uma pessoa teria tido aproximadamente 25.500 noites dormidas. Não teria sequer como se lembrar de cada uma delas, de tantas que foram.

Pois então podemos usar esta metáfora para refletir sobre o que é nossa verdadeira vida, e que de uma maneira sutil o filme A Origem nos faz saber. Não esqueça que aqueles que controlam o mundo (e consequentemente o cinema) tem todo o conhecimento que não temos, mas que por algum motivo nos passam estas mensagens na forma de enigmas.

Sob este ponto de vista, esta visão espiritual tem então um valor inestimável. Com esta visão podemos perceber o quanto são transitórias as coisas deste mundo. São apenas ilusões criadas para o nosso aprendizado. A coisa real está lá, do outro lado. Se nossa vida como espírito é eterna, significa que vivemos na verdade milhões de anos, e se olhamos a vida sob este prisma, o que são estes digamos 70 a 90 anos, e que valor de fato tem as coisas deste mundo?

Por isso as filosofias esotéricas e espirituais afirmam coisas como “dar o devido valor às coisas deste mundo”, por exemplo. Isso quer dizer exatamente que tudo aqui é transitório e que tem uma duração muito curta. Por isso pregam o desapego das coisas materiais. Elas são necessárias para esta vida, nisso estamos em pleno acordo, mas não devemos nos apegar a ponto de achar que elas são tudo o que existe, e assim atribuir a elas uma importância maior do que têm, e com isso cair na armadilha das infinitas encarnações sem evolução espiritual. Voltamos sempre a este campo de batalha, quando poderíamos estar já em uma situação muito mais evoluída e favorável a nós mesmos.

Com estas ideias em mente, reflita sobre os filmes que assistimos, como os exemplos citados acima, entre muitos outros. Alguns deles trazem muita informação escondida atrás de um disfarce de história de ficção engraçadinha, e podem servir às vezes de gatilho para buscarmos esta informação escondida, que é, esta sim, muito importante.

Nessa linha, pense um pouco sobre o filme O Show de Truman (de 1998, com Jim Carrey). Ainda não viu? Devia ver…

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